sábado, 28 de janeiro de 2017

DESCOBRIMENTO DO BRASIL - Abril de 1500

Armas do Brasil
Essa é uma breve exposição sobre o episódio de 22 de abril de 1500  quando aconteceu o  Descobrimento do Brasil, realizado pela esquadra portuguesa da Segunda Armada da Índia, sob o comando do capitão-mor Pedro Álvares Cabral com 13 caravelas partindo de Portugal e enviadas pelo rei D. Manuel – O Venturoso, a Calecute, com finalidades comerciais.  Nessa data, três caravelas: Santa Maria, Pinta e Nina, saíram da rota e avistaram o monte Pascoal, a ilha de Vera Cruz e mantiveram contatos com os seus habitantes. A bordo da nau do capitão seguia o escrivão Pero Vaz de Caminha – o repórter dos acontecimentos que do Porto Seguro escreve a:

CARTA DE PERO VAZ DE CAMINHA EL REI DOM MANUEL

Ciente dos fatos, D. Manuel enviou no ano seguinte outra expedição para verificar as riquezas da terra, mas, os relatos diziam que havia somente imensas florestas de pau-brasil. E assim, por 30 anos as terras ficaram sem interesse por parte da coroa portuguesa, mas, não esquecidas por invasores para tráfico da madeira e da fauna brasileira. Então, o rei decidiu arrendar o território para uma companhia de comércio, a qual em 1503 enviou a frota de Gonçalo Coelho. Mas, nada mudou.  Sugestões ao rei surgiam para que as terras fossem povoadas. Para isso o rei mandou Martin Afonso de Sousa com três missões: Explorar a costa, impedir o tráfico e fundar a primeira vila. Assim, em 22 de janeiro de 1532 foi fundada a primeira:Vila de São Vicente. Para lá foram levadas mudas de cana-de-açúcar e condições para o plantio dos vinhedos, do trigo, de demais plantios e criação de gado vindo das ilhas de Cabo Verde. A esse elemento indígena vieram juntar-se os brancos europeus e os negros já escravos em suas terras e com essa mesma finalidade aqui. Para cuidar das tarefas foram trazidas  pessoas degredadas, homens e mulheres, de mau comportamento em Portugal, como pena disciplinar, para formarem famílias e cultivarem as terras.  
Do cruzamento das três raças vieram os mestiços. Caboclos, morenos, tapuios e cabras os quais logo ultrapassaram o número de brancos até aos nossos dias.
Mais tempos depois, e o então rei, D. João III, decidiu dividir as terras em lotes – as Capitanias, e doá-las a pessoas de sua confiança. Os donatários e os seus respectivos donatários hereditários, eram fidalgos brancos destinados a colonizar, fundar vilas, distribuir sesmarias e explorar as riquezas. No entanto, o progresso somente aconteceu em 2 capitanias: a capitania de Pernambuco do capitão Duarte Coelho e a capitania de São Vicente onde os colonos, dentre eles Brás Cubas, fundaram a Vila de Santos. Agora as terras brasileiras eram as meninas dos olhos do rei. O êxito das capitanias, a necessidade de defender o território dos maus donatários e dos invasores, fez o rei comprar do herdeiro do donatário falecido Francisco Pereira Coutinho a capitania da Bahia, a qual seria a capitania da coroa portuguesa. Para ela foi mandado em 1808 o fidalgo português Tomé de Sousa.

O tempo passa e a família real veio morar no Rio de Janeiro em 1808. Para fins de comunicação foi criada a Impressão Régia (imprensa) onde foi impresso e publicado em setembro de 1808 o primeiro jornal do Brasil: Gazeta do Rio de Janeiro.

Transcorre o tempo e acontecem os movimentos revolucionários e nativistas no Império luso- português. Conflitos e ameaças ao poder da Junta Governativa da Província... E até que aconteceu a Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822 às margens do riacho Ipiranga pelo príncipe regente D. Pedro.

O governo monarquista começa com D. Pedro I (1798 - Queluz – 1834) e segue com seu filho D. Pedro II (Rio de Janeiro, 1825 – Paris, 1891), continua até as fases caracterizadas pelas questões escravistas, por questões maçônicas e episcopais, e pela questão militar, cujas causas remotas residiam no ressentimento do oficialato jovem ao rei, após a Guerra do Paraguai.

Esse fator fez o marechal Manuel Deodoro da Fonseca realizar o golpe militar que foi a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889. Estabelecida a república, Dom Pedro II foi para Portugal e depois para a França onde morreu, em Paris, aos 66 anos. Em 1920 seus restos mortais foram trazidos para o Brasil e sepultados na catedral de Petrópolis.

Esse Governo Provisório da Primeira República chefiado pelo marechal Deodoro estabeleceu, dentre outras mudanças, a bandeira republicana, a separação entre a Igreja e o Estado, grande nacionalização e em 24 de fevereiro de 1891 promulgou a primeira Constituição dos Estados Unidos do Brasil vigente até 1930.
FONTE: Koogan/Houaiss; verbete Brasil

OS SÍMBOLOS DE UMA NAÇÃO:
Armas Nacionais;
Bandeira;
Selo;
Hino.

Em 22 de abril de 1500 chegava ao Brasil 13 caravelas portuguesas lideradas por Pedro Álvares Cabral. A primeira vista, eles acreditavam tratar-se de um grande monte, e chamaram-no de Monte Pascoal. No dia 26 de abril, foi celebrada a primeira missa no Brasil.
Após deixarem o local em direção à Índia, Cabral, na incerteza se a terra descoberta tratava-se de um continente ou de uma grande ilha, alterou o nome para Ilha de Vera Cruz. Após exploração realizada por outras expedições portuguesas, foi descoberto tratar-se realmente de um continente, e novamente o nome foi alterado. A nova terra passou a ser chamada de Terra de Santa Cruz. Somente depois da descoberta do pau-brasil, ocorrida no ano de 1511, nosso país passou a ser chamado pelo nome que conhecemos hoje: Brasil. 
A descoberta do Brasil ocorreu no período das grandes navegações, quando Portugal e Espanha exploravam o oceano em busca de novas terras.


Trechos da CARTA DE PERO VAZ DE CAMINHA

(...) A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência. Ambos traziam o beiço de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão...

E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a alguém. Todavia um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção a terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. E também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal, como se lá também houvesse prata!

Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no
logo na mão e acenaram para a terra, como se os houvesse ali...

Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram cada um o seu bochecho,
mas não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na fora.
Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem, e folgou
muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e depois tirou-as e meteu-as em volta do
braço, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão,
como se dariam ouro por aquilo...

Isto tomávamos nós nesse sentido, por assim o desejarmos! Mas se ele
queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto não queríamos nós entender,
por que lho não havíamos de dar! E depois tornou as contas a quem lhas dera. E
então estiraram-se de costas na alcatifa, a dormir sem procurarem maneiras de
encobrir suas vergonhas. O Capitão mandou pôr por baixo da cabeça de cada um seu coxim; e o da cabeleira esforçava-se por não a estragar. E deitaram um manto por cima deles; e consentindo, aconchegaram-se e adormeceram...

E traziam cabaças d'água, e tomavam alguns barris que nós levávamos e enchiam-nos de água e traziam-nos aos batéis. Não que eles de todo chegassem a bordo do batel. Mas junto a ele, lançavam-nos da mão.  E nós tomávamo-los. E pediam que lhes dessem alguma coisa. Levava Nicolau Coelho cascavéis e manilhas. E a uns dava um cascavel, e a outros uma manilha, de maneira que com aquela encarna quase que nos queriam dar a mão. Davam-nos daqueles arcos e setas em troca de sombreiros e carapuças de linho, e de qualquer coisa que a gente lhes queria dar...


E mal tinham pousado seus arcos quando saíram os que nós levávamos, e o mancebo degredado com eles. E saídos não pararam mais; nem esperavam um pelo outro, mas antes corriam a quem mais correria. E passaram um rio que aí corre, de água doce, de muita água que lhes dava pela braga. E muitos outros com eles. E foram assim correndo para além do rio entre umas moitas de palmeiras onde estavam outros. E ali pararam...

Ao domingo de Pascoela pela manhã, determinou o Capitão ir ouvir missa e
sermão naquele ilhéu. E ali com todos nós outros fez dizer missa, a qual disse o padre frei Henrique, em voz entoada, e oficiada com aquela mesma voz pelos outros padres e sacerdotes que todos assistiram, a qual missa, segundo meu parecer, foi ouvida por todos com muito prazer e devoção. Acabada a missa, desvestiu-se o padre e subiu a uma cadeira alta; e nós todos lançados por essa areia. E pregou uma solene e proveitosa pregação, da história evangélica; e no fim tratou da nossa vida, e do achamento desta terra, referindo-se à Cruz, sob cuja obediência viemos, que veio muito a propósito, e fez muita devoção...

Neste ilhéu, onde fomos ouvir missa e sermão, espraia muito a água e descobre muita areia e muito cascalho. Enquanto lá estávamos foram alguns buscar marisco e não no acharam. Mas acharam alguns camarões grossos e curtos, entre os quais vinha um muito grande e muito grosso; que em nenhum tempo o vi tamanho.   E depois de termos comido vieram logo todos os capitães a esta nau, por ordem do Capitão-mor, com os quais ele se aportou; e eu na companhia. E perguntou a todos se nos parecia bem mandar a nova do achamento desta terra a Vossa Alteza pelo navio dos mantimentos...

E entre muitas falas que sobre o caso se fizeram foi dito, por todos ou a maior
parte, que seria muito bem. E nisto concordaram. E logo que a resolução foi tomada,
perguntou mais, se seria bem tomar aqui por força um par destes homens para os
mandar a Vossa Alteza...

E concordaram em que não era necessário tomar por força homens, porque
costume era dos que assim à força levavam para alguma parte dizerem que há de
tudo quanto lhes perguntam; e que melhor e muito melhor informação da terra
dariam dois homens desses degredados que aqui deixássemos do que eles dariam
se os levassem por ser gente que ninguém entende. E que portanto não cuidássemos de aqui por força tomar ninguém, nem fazer escândalo; mas sim, para os de todo amansar e apaziguar, unicamente de deixar aqui os dois degredados quando daqui partíssemos...

E então tornou-se o Capitão para aquém do rio. E logo acudiram muitos à
beira dele. Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam
entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal...

Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda
tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os
joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas
tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso
desvergonha nenhuma. Também andava lá outra mulher, nova, com um menino ou menina, atado com um pano aos peitos, de modo que não se lhe viam senão as perninhas. Mas nas pernas da mãe, e no resto, não havia pano algum...

E além do rio andavam muitos deles dançando e folgando, uns diante os
outros, sem se tomarem pelas mãos. E faziam-no bem. Passou-se então para a
outra banda do rio Diogo Dias, que fora almoxarife de Sacavém, o qual é homem
gracioso e de prazer. E levou consigo um gaiteiro nosso com sua gaita. E meteu-se
a dançar com eles, tomando-os pelas mãos; e eles folgavam e riam e andavam com
ele muito bem ao som da gaita. Depois de dançarem fez ali muitas voltas ligeiras,
andando no chão, e salto real, de que se eles espantavam e riam e folgavam muito.
E conquanto com aquilo os segurou e afagou muito, tomavam logo uma esquiveza
como de animais montezes, de uma mão para outra se esquivavam, como pardais do cevadouro. Ninguém não lhes ousa falar de rijo para não se esquivarem mais. E tudo se passa como eles querem — para os bem amansarmos!...

Ao velho com quem o Capitão havia falado, deu-lhe uma carapuça vermelha.
E com toda a conversa que com ele houve, e com a carapuça que lhe deu tanto que
se despediu e começou a passar o rio, foi-se logo recatando. E não quis mais tornar
do rio para aquém. Os outros dois o Capitão teve nas naus, aos quais deu o que já
ficou dito, nunca mais aqui apareceram -- fatos de que deduzo que é gente bestial e
de pouco saber, e por isso tão esquiva...

Mas apesar de tudo isso andam bem curados, e muito limpos. E naquilo ainda mais me convenço que são como aves, ou alimárias montezinhas, as quais o ar faz melhores penas e melhor cabelo que às mansas, porque os seus corpos são tão limpos e tão gordos e tão formosos que não pode ser mais! E isto me faz presumir que não tem casas nem moradias em que se recolham; e o ar em que se criam os faz tais...

Mandou o Capitão aquele degredado, Afonso Ribeiro, que se fosse outra vez
com eles. E foi; e andou lá um bom pedaço, mas a tarde regressou, que o fizeram
eles vir: e não o quiseram lá consentir. E deram-lhe arcos e setas; e não lhe
tomaram nada do seu. Antes, disse ele, que lhe tomara um deles umas continhas
amarelas que levava e fugia com elas, e ele se queixou e os outros foram logo após
ele, e lhas tomaram e tornaram-lhas a dar; e então mandaram-no vir. Disse que não
vira lá entre eles senão umas choupaninhas de rama verde...

Segunda-feira, depois de comer, saímos todos em terra a tomar água. Ali
vieram então muitos; mas não tantos como as outras vezes. E traziam já muito
poucos arcos. E estiveram um pouco afastados de nós; mas depois pouco a pouco
misturaram-se conosco; e abraçavam-nos e folgavam; mas alguns deles se
esquivavam logo. Ali davam alguns arcos por folhas de papel e por alguma
carapucinha velha e por qualquer coisa...

E de tal maneira se passou a coisa que bem vinte ou trinta pessoas das nossas se foram com eles para onde outros muitos deles estavam com moças e mulheres. E trouxeram de lá muitos arcos e barretes de penas de aves, uns verdes, outros amarelos, dos quais creio que o Capitão há de mandar uma amostra a Vossa Alteza.

E estavam cheios de uns grãos vermelhos, pequeninos que, esmagando-se entre os
dedos, se desfaziam na tinta muito vermelha de que andavam tingidos. E quanto
mais se molhavam, tanto mais vermelhos ficavam. Todos andam rapados até por cima das orelhas; assim mesmo de sobrancelhas e pestanas. Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas de tintas...

E o Capitão mandou aquele degredado Afonso Ribeiro e a outros dois
degredados que fossem meter-se entre eles; e assim mesmo a Diogo Dias, por ser
 homem alegre, com que eles folgavam. E aos degredados ordenou que ficassem lá
esta noite...

Foram-se lá todos; e andaram entre eles. E segundo depois diziam, foram
bem uma légua e meia a uma povoação, em que haveria nove ou dez casas, as
quais diziam que eram tão compridas, cada uma, como esta nau capitaina. E eram
de madeira, e das ilhargas de tábuas, e cobertas de palha, de razoável altura; e
todas de um só espaço, sem repartição alguma, tinham de dentro muitos esteios; e... ... ... ..
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Descobrimento do Brasil